29 julho 2011 - Publicada por Catarina Fernandes à(s) 17:20



Se algum dia, esmagada pelo tédio,
eu te pedir o Sol como remédio à minha inquietação,
sorri como se eu fosse uma criança,
e não digas que não.
Se algum dia, em noites de platina,
eu te pedir a Lua que ilumina do céu a nossa rua
e me deixa extasiada, boquiaberta,
as minhas mãos nas tuas mãos aperta
e promete-me a Lua!
E se ainda, perdido no horizonte,
o meu olhar partir de monte em monte e apetecer o mar,
tu que sabes, vês e podes tudo,
abrindo tuas asas de veludo,
finge que o vais buscar!
Virgínia Victorino

27 julho 2011 - Publicada por Catarina Fernandes à(s) 13:02


Deixa o tempo correr, desta vez juro que não vou atrás dele, ele é louco, não sabe medir os passos que da, fugaz o meu imaginário na sua presença, triste a memoria do seu encontro.
Não seria tudo bem mais fácil, só por esta vez admitir que ele não existe, limitar o momento ao espaço e sentimento, elevando a ânsia e o desejo, esquecendo o tempo, liquidando o tempo. Matando-o.
Só assim é que ele poderá desvanecer-se, sem necessidade de coexistência.
Deixa o tempo morrer para que no fim reste apenas uma cama por fazer.

Catarina Fernandes

26 julho 2011 - Publicada por Catarina Fernandes à(s) 23:40
Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor -- muito melhor!--
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

Mário Cesariny